segunda-feira, 21 de março de 2011
SEXO PARA ALGUNS....FUGA PARA OUTROS
Ai, acordei tonto de novo. Meu travesseiro está com cheiro de baba. Estou deitado numa poça de suor. Ela está outra vez na minha cama. Com a cabeça recostada no meu peito. Todavia, deveria estar limpando a minha casa e fazendo o meu almoço. Estou rodando. Minha cabeça está latejando. Que noite! Bebi, fumei, cheirei. Vou vomitar.
Ela levantou. Limpou meu vômito. Que bunda! Puxei a bunda pra cima de meu pau. Não está tão duro. Ontem estava. Que enjôo! Empurrei a bunda para fora da cama. Vá embora! Vomitei mais uma vez. Vou dormir e tentar acabar com a tontura. O telefone toca. Minha cabeça roda. Não vou atender. Só pode ser Clarice. Não quero falar com ela. Nem falar nem ouvir. O quarto está abafado e fede a vômito, suor, baba e esperma. O telefone continua tocando. Minha cabeça dói. Vou sentar embaixo do chuveiro gelado. Vomitei nas minhas pernas, um vômito quente e verde. Quase uma gosma. Não tenho mais nada no estômago. Voltei molhado pra cama.
O telefone toca. O celular toca. O interfone também toca. Não ouço mais nada. Acordo na escuridão. Não estou mais enjoado. Nenhuma luz. O controle da televisão não funciona. Nada funciona. Faltou luz. Tudo absolutamente escuro. Que sensação de solidão. Queria que Clarice estivesse aqui do meu lado. Queria o seu carinho.
Meu Deus, que medo! Choro de arrependimento, de culpa, de dor, de medo de perder. Choro por ser tão ordinário. Choro porque não sei amar. Não sei amar ninguém. Nenhum ser vivo. De verdade, eu não sei amar. Sei gostar do que me interessa, sei ser o que me interessa. E Clarice me interessa enquanto eu ainda posso enganá-la.
Eu sou um homem que só sabe fazer sexo com prostitutas. Com elas, o sexo é sempre bom. Eu sou sempre bom. Para elas, todos os homens são bons de cama. Elas sempre chegam ao orgasmo porque somos muito bons. Elas sempre nos dão bons orgasmos. Sempre sou o melhor que elas já tiveram na vida. E é só disso que eu preciso: Ser o melhor. E eu sei que sou o melhor.
Ai, estou muito tonto.
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segunda-feira, 14 de março de 2011
POR DENTRO
Elas se encontraram, mas a outra não a reconheceu, ficaram se olhando, enquanto ela se imaginava velha, gorda, feia, e....... irreconhecível! Estava tão diferente assim? Pensou.
“Oi, eu sou Clarice, lembra?”.
“Mas é claro! Quanto tempo! Desculpe, estou meio cega. É a idade(risos). Como vai? Você sumiu!”, se desculpou.
Clarice não rendeu muita conversa e foi sentar em uma mesa com seu prato de almoço enquanto a outra ainda se servia. Sozinha com seu prato, refletiu sobre a sua idade. Não se sentia com a idade que tinha, mas, afinal o que é essa merda de idade? Para quê serve mesmo? Para pontuar ou determinar as nossas atitudes? Para não fazermos papel de idiota?
A outra sentou ao seu lado interrompendo os seus pensamentos e olhou fundo nos seus olhos: “Clarice, vou te dizer uma coisa......não te reconheci porque não era você. Tive que olhar no fundo dos seus olhos, como estou fazendo agora, para conseguir te ver. Fui buscar dentro de você a Clarice que eu sempre conheci e que está por aí, escondida nessa tristeza toda”.
As duas choraram.
Clarice descobriu que não era a idade que estava pesando tanto, e, sim, a sua dor violenta.
Alguns momentos felizes, não faziam o seu olhar menos triste.
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