segunda-feira, 14 de março de 2011

POR DENTRO


Elas se encontraram, mas a outra não a reconheceu, ficaram se olhando, enquanto ela se imaginava velha, gorda, feia, e....... irreconhecível! Estava tão diferente assim? Pensou.
“Oi, eu sou Clarice, lembra?”.

“Mas é claro! Quanto tempo! Desculpe, estou meio cega. É a idade(risos). Como vai? Você sumiu!”, se desculpou.
Clarice não rendeu muita conversa e foi sentar em uma mesa com seu prato de almoço enquanto a outra ainda se servia. Sozinha com seu prato, refletiu sobre a sua idade. Não se sentia com a idade que tinha, mas, afinal o que é essa merda de idade? Para quê serve mesmo? Para pontuar ou determinar as nossas atitudes? Para não fazermos papel de idiota?

A outra sentou ao seu lado interrompendo os seus pensamentos e olhou fundo nos seus olhos: “Clarice, vou te dizer uma coisa......não te reconheci porque não era você. Tive que olhar no fundo dos seus olhos, como estou fazendo agora, para conseguir te ver. Fui buscar dentro de você a Clarice que eu sempre conheci e que está por aí, escondida nessa tristeza toda”.
As duas choraram.

Clarice descobriu que não era a idade que estava pesando tanto, e, sim, a sua dor violenta.
Alguns momentos felizes, não faziam o seu olhar menos triste.

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2 comentários:

  1. Essa história de idade não está com nada, o que vale mesmo é a cabeça de cada um, se você pensar "Jovem" será Jovem, se pensar "Velho", assim também será.
    A tristeza de Clarice, essa já foi e acho que nunca mais vai voltar...
    FELICIDADES CLARICE, sempre...

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