sábado, 23 de abril de 2011

Clarice sempre teve medo de que um dia ele fosse embora de sua vida. E um dia ele se foi sem pena.
Ela sempre teve medo de um dia não ter mais ele. E um dia acordou com ele morto.
Ele morreu, mas ainda tinha o corpo vivo. Ela, de tristeza, tinha que matá-lo dentro dela, mas se não conseguia matar nem uma formiga, como mataria aquele amor?

sexta-feira, 22 de abril de 2011

A COMPARSA

Clarice vivia cheia de problemas. Mas Clarice tinha uma amiga que estava sempre disposta a ouvir os seus problemas, principalmente quando o problema era sobre o casamento de Clarice. Sua amiga era casada também, e era tão sábia em seus conselhos, enchia Clarice de razão.
E assim levavam a sua amizade, em função dos eternos problemas no casamento de Clarice, que apesar de todos os conselhos, só fazia piorar.
Muitos anos depois, após juntar fatos e evidências, Clarice teve a revelação que confirmava uma suspeita escondida: o marido de Clarice também escutava os conselhos da amiga de Clarice. A comparsa estava era com ele.
Clarice sabia que eles eram muito parecidos, mas não que eles foram feitos um para o outro. Tinham o mesmo caráter e a mesma especialidade em sujeira. Sabiam como deveriam agir. Tinham na ponta dos atos todas as artimanhas dos falsários que eram – uma espécie de Bonnie e Clyde do amor, não assaltavam juntos, traíam juntos.
O casamento de Clarice acabou, o da amiga não.
Provavelmente o ex-marido de Clarice ainda tenha a comparsa, mas logo-logo ela vai sumir da vida dele, do mesmo jeito que sumiu da vida de Clarice. Perdeu a graça.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Não tolero a palavra: Efêmero.
Eu gosto de rotina. Gosto de casamento. Gosto de relacionamentos que duram a vida toda. Gosto de novelas e séries. Gosto de ver filmes em casa. Gosto de ter a minha casa para voltar todos os dias depois do trabalho. Gosto de ter dinheiro para pagar minhas contas com antecedência. Gosto de amor. Gosto de me aprofundar nas coisas. Gosto de ficar grudada em quem amo. Gosto de ter amigos de muitos anos. Gosto de viver mais de cem anos. Gosto do sim e do não. Gosto do doce e do salgado. Gosto do gelado e do quente, mas nesse caso, também gosto do meio termo - o morno.
Eu sou é consistente e detesto a idéia de sermos efêmeros.
 .

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Esperar que uma pessoa enxergue o que você enxerga, é atraso de vida. Mas, é muito angustiante ver a pessoa continuar agindo errado e não poder fazer nada. - Sentimentos e pensamentos, por favor, me deixem viver em paz! E que o tempo se encarregue do resto..... .

terça-feira, 5 de abril de 2011



Era um olhar tão significativo. Tinha tanta meiguice. Nenhum mal. Lúcio tinha 3 anos. A formiguinha subiu na sua perninha.

Sua mãe disse: - Olhe a formiguinha bonitinha, Lucinho. Isso que é uma formiguinha. Igual àquela da historinha.

Ele olhou feliz para a formiguinha que fazia cócegas em sua perninha.

De repente, ele parou. Fez uma cara de dor. Depois, cara de interrogação. Olhou para a mãe e começou a berrar.

- O que foi, filhinho? Ai, meu Deus! A formiguinha te mordeu?

Um calombo vermelho cresceu na perna dele. Lúcio olhou para a formiga que agora já estava em sua barriga e com seus dois dedinhos em forma de pinça arrancou e apertou a formiga com tanta força que os dedos ficaram vermelhos. Sentiu a raiva.

Parou de novo, olhou para a mãe e choramingou sentido:

- Mainha, tudo que é bonitinho vai ficar feinho, é?

.2007

Ilustração: Pati Woll

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Por medo da solidão, viveram felizes para sempre! .