sexta-feira, 22 de abril de 2011

A COMPARSA

Clarice vivia cheia de problemas. Mas Clarice tinha uma amiga que estava sempre disposta a ouvir os seus problemas, principalmente quando o problema era sobre o casamento de Clarice. Sua amiga era casada também, e era tão sábia em seus conselhos, enchia Clarice de razão.
E assim levavam a sua amizade, em função dos eternos problemas no casamento de Clarice, que apesar de todos os conselhos, só fazia piorar.
Muitos anos depois, após juntar fatos e evidências, Clarice teve a revelação que confirmava uma suspeita escondida: o marido de Clarice também escutava os conselhos da amiga de Clarice. A comparsa estava era com ele.
Clarice sabia que eles eram muito parecidos, mas não que eles foram feitos um para o outro. Tinham o mesmo caráter e a mesma especialidade em sujeira. Sabiam como deveriam agir. Tinham na ponta dos atos todas as artimanhas dos falsários que eram – uma espécie de Bonnie e Clyde do amor, não assaltavam juntos, traíam juntos.
O casamento de Clarice acabou, o da amiga não.
Provavelmente o ex-marido de Clarice ainda tenha a comparsa, mas logo-logo ela vai sumir da vida dele, do mesmo jeito que sumiu da vida de Clarice. Perdeu a graça.

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