segunda-feira, 24 de outubro de 2011


Encharcada de chuva, olhava para aquele homem em sua frente, sem acreditar no que ouvia:
- Mas é isso, meu gatinho (era assim que ele a chamava, por causa dos cabelos curtinhos), quem foi “arriado os quatro pneus” por uma pessoa, não esquece as coisas importantes que ela fala. E eu nunca me esqueci de quando você me disse que, se alguma vez, fosse casar, teria que ser na Igrejinha de Humaitá, ao som de “waiting in vain”, de Bob Marley.
Ela deu um abraço tão forte nele. Sentiu uma sensação tão boa. Tinham namorado muito rapidamente, quando ela tinha 26 anos e ele 22. Ela tinha acabado uma relação com um homem dez anos mais velho e estava sofrendo muito quando se conheceram. Por isso, não conseguiu se envolver. Mas, ele, se apaixonou perdidamente e ficou muito mal quando ela não quis mais ficar com ele.
16 anos já tinham se passado e ele se lembrou de algo que ela nem lembrava ter lhe dito. Algo altamente significativo para ela, que nunca aconteceu e que nunca deixou de ser desejado. A lembrança dele reforçou a contradição da felicidade daquele momento, com a dor por saber o quanto é terrível não ser importante para alguém - Ela havia acabado de terminar outro relacionamento de quase 10 anos, com um homem, que em momento algum se lembrou do que ela tinha falado para ele, no início, quando começaram. Por várias vezes, ela colocou a música, esperando alguma reação “bonitinha” dele, mas, para ele, era apenas mais uma música legal de Bob Marley.
E assim, encharcada, ela tomou mais um tapa na cara do “acaso”.
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2 comentários:

  1. "A lembrança dele reforçou a contradição da felicidade daquele momento, com a dor por saber o quanto é terrível não ser importante para alguém".
    Gosto muito dessa frase, Karla. A sensação de se sentir desimportante é terrível quando estamos envolvidos em carência.
    Bjs

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  2. Acho essa sensaçao sempre terrivel, Paulinho. Nao tem alta autoestima/auto-estima/auto estima(qual das 3 opçoes??rs) que resista. Beijos

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