O ar-condicionado do carro estava ligado no máximo. O dia ainda estava claro, mas o vidro escuro não deixava que as pessoas vissem o que acontecia lá dentro. Eles se beijavam. O Homem a desejava e dizia coisas “bonitas” em seu ouvido. Coisas que ela queria ouvir e precisava para sentir.
Ela achava que estava fazendo algo errado, mas, agarrava aquele Homem com força. Queria aquilo. Ser atacada com paixão. Nem era esse Homem especificamente. Era a sensação. Fazia tempo que ela não era beijada com desejo. Aquele beijo que cheira a boca.
O que estava acontecendo não era totalmente confortável para ela. Não queria voltar para casa. Iria mentir. O carro continuava ligado para ter ar frio. O Homem colocou um CD e voltou a passar a mão pelo corpo dela entre a roupa. O celular tocou a primeira série de chamadas, ela não atendeu. Beijou de novo aquela boca diferente e a sensação não era ruim. Pensou várias vezes em fazer aquilo, mas nunca em ser capaz. Culpa, culpa, culpa. Tinha medo da culpa. Não dessa vez. Ela descobriu que era fácil estar com outro Homem, além de estar com Ele. Estava com outra pessoa, talvez, exatamente como Ele já tenha feito algumas vezes.
Como seria bom se Ele não fosse quem é de verdade. Como seria bom se Ele fosse de verdade o homem inventado que Ele é.
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