quarta-feira, 24 de agosto de 2011


Ela chegou sozinha, sentou em uma mesa e pediu uma jarra de água de coco. Ele chegou sozinho, sentou em uma mesa, ao lado da dela e pediu uma jarra de água de coco, uma garrafa de Whisky e um balde de gelo.
Ele vestia uma camisa de malha branca, com a etiqueta para fora, pendurada nas costas; uma bermuda cinza; uma meia, branca, alta e um tênis desses de correr. Estava sentado meio de lado. Ela via sua nuca e o perfil do seu rosto. Ele não percebia que estava sendo observado e agia naturalmente. Mas, quando se é observado com insistência – e ela estava fazendo isso, pois não tinha outra coisa para passar o tempo – em algum momento se percebe o observador. Foi o que aconteceu. Ele se virou de supetão e deu de cara com o olhar dela. Mas, com o susto, ela desviou o rosto e não viu se ele continuou olhando para ela ou para as pessoas que estavam na mesma direção. O olho dele era bonito, cor de mel, sobrancelhas grossas, exatamente como ela gostava - com uma mirada séria e triste. Ela teve vontade de chegar perto, perguntar o nome dele e pedir licença para colocar a etiqueta para dentro da camisa, mas cadê a coragem?
O show começou e ela se levantou, ficou ao lado da mesa. Ele continuou sentado no mesmo lugar, bebendo alternadamente os seus dois copos - um com whisky cheio de gelo e o outro com a água de coco. Durante toda a noite eles se olharam, e só. Não se comunicaram de outra maneira.
Acabou o show, ele pagou a conta, fez a marcação na garrafa de whisky, se levantou e foi embora, sem olhar para trás. E ela, ficou com a sensação de que podia ser mais sem vergonha.
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