Naquela casa de pé-direito alto, escura na medida certa - sombra de palmeira em dia de muito sol, agradável. Era ali que ele vivia. Se encaixava perfeitamente na casa. Todos os seus movimentos eram suaves. Caminhadas lentas, arrastando os chinelos.
Quando chegava o final da tarde e o sino da igreja tocava seis vezes, era bom estar ali. Sem pensar em nada. Apenas ouvindo as badaladas, sentindo o ventinho no rosto que vinha da varanda que dava para o mar. Se também iria acontecer no dia seguinte, então era algo interminável.
De manhã, antes do almoço, ele entrava no atelier que tinha uns janelões de vidro que davam para uma parede de pedras portuguesas e pintava. De vez em quando, saía pela porta lateral e ia caminhar pelo verde do jardim. Tão tranqüilo e amoroso. Tão branquinho, todo, dos cabelos aos pés.
A casa respirava o ar que ele exalava e sobrevivia da sua falta de anseio, com todos os seus sentimentos.
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