Fui passar uns dias que se tornaram meses na casa de meus avós.
Minha mãe teve uma enxaqueca que durou três meses, e tivemos que ir, eu e meu irmão, junto com ela, morar lá por esse tempo. Não tinha o que fazer e sentia muita falta de minha casa. Até que resolvi passear na rua, todas as noites, acompanhada pela moça que trabalhava com minha avó. Não conhecíamos ninguém, só ficávamos andando pelo quarteirão e olhando de longe um grupo de jovens que se reunia para tocar violão. .
Nesse período, fiz um amigo que se tornou eterno e desse amigo outros amigos e o rock’n’roll. Eu tinha 13 anos e era o ano de 1982.
Quando minha mãe ficou boa, voltamos para nosso apartamento em frente ao mar e meus novos amigos passaram a me visitar. Com eles e a criatividade, consegui enganar as minhas vergonhas. Encontrei o mundo e as pessoas para a vida toda.
Meus amigos se vestiam de jeans, camisas de banda, jaquetas do exército, tênis, coturnos, liam livros da geração beat, usavam drogas, só ouviam rock’n’roll e tinham um Deus: Marcelo Nova.
Ele tinha uma banda chamada Camisa de Vênus e um programa semanal em uma rádio.
Em todas as noites do programa, nos reuníamos na balaustrada do Porto da Barra, abríamos as portas dos carros e ouvíamos atentos toda a sua ditadura, sem perder um momento. Nesta época, só tinha amigos homens, uma ou outra menina fazia parte de minha vida de vez em quando. Todos eles tinham uma banda de rock’n’roll - Coice de Mula, Delirium Tremens, Dever de Classe, Flores do Mal, Gonorréia etc -, e em todos os finais de semana os ensaios viravam shows. Ficavam cheios de todas as minhas pessoas.
Quando fiz quinze anos, ganhei de minha mãe um contra-baixo de segunda mão. Era um Gianini, mas que parecia um verdadeiro Fender azul turquesa. Aprendi a tocar com uma amiga e montamos uma banda só de mulheres. Depois, eu e alguns amigos montamos uma banda punk chamada Trapaça – O vocalista: Johnny Rotten.
Como eu era quase a única mulher entre eles, sempre estava apaixonada por um deles ou um deles sempre estava apaixonado por mim. Mas nunca havia reciprocidade nas paixões e elas logo passavam. Até que um dia uma paixão foi transformada – Um amigo me beijou e senti uma sensação boa. Senti o amor dele através dos seus lábios e amei este amor por mim.
Ficamos juntos.... era muito amor......
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