½ quilo de cogumelo trazido da ilha, 2 latas de leite condensado e, finalmente, minha mãe ia fazer o tão prometido doce de cogumelo. Segundo ela, além de ser uma delícia, a viagem era das melhores.
Era final da tarde de um sábado....todos estavam reunidos na cozinha do apartamento. Parecia uma comemoração, minha mãe e meus amigos. Eu observava e adorava.
Estava com quatorze anos e me sentia o máximo – minha mãe fumava maconha, conversava sobre cinema, teatro, literatura, fazia faculdade de antropologia, era dona de um restaurante natural, namorava uma mulher e sabia fazer doce de cogumelo. Meus amigos adoravam a minha casa.
Eu tinha selecionado alguns discos para esse dia. Na época, escutávamos tudo o que Marcelo Nova mostrava no seu programa de rádio.
O doce ficou pronto, com cheiro de brigadeiro branco. Depois de esfriar, a panela começou a passar de mão em mão e a colher de boca em boca, menos pela minha.
Após algumas músicas e muita conversa, meus amigos resolveram sair do apartamento. O prédio ficava em frente ao mar e eles desceram para a praia. Eu fiquei em casa, olhando da varanda até eles sumirem na noite.
Já era madrugada quando escutei uma gritaria lá embaixo. Eles tinham voltado. A viagem não tinha sido tão doce na cidade. Um deles tinha visto um casal se agarrando atrás de uma banca de revista e pulou pra cima do homem e o atacou com socos e pontapés. Ninguém sabe o que ele viu ali. Largaram o homem todo ensangüentado, a mulher em prantos e fugiram para minha casa.
Desci.
Ele – o da viagem violenta – me abraçou chorando e me deu um beijo suave na boca.
Em segundos, já estavam dentro do carro, virando a esquina.
Não tive tempo de fazer nada, mas descobri que o doce de cogumelo não estava com leite condensado suficiente. Fiquei com um gosto amargo na boca.
domingo, 2 de janeiro de 2011
sábado, 1 de janeiro de 2011
ANO NOVO ANTIGO
Clarice ia passar o primeiro reveillon na casa nova. Estavam morando juntos.
Dessa vez, nada de pular sete ondinhas, de jogar rosas e alfazemas para Iemanjá....... Soltariam fogos, brindariam com champagne, fariam os pedidos e estariam junto da família. Faltavam cinco minutos para a meia noite.
Clarice estava feliz. Ele dizia que a amava a cada 5 minutos. Tinha acabado de dizer. Então estaria tudo certo, faltavam 5 para a meia noite.
Contagem regressiva. Todos juntos. Ele estava do outro lado. Com fogos na mão. Não ia dar tempo de chegar perto. Ela foi se aproximando mesmo assim. E os segundos também. Meia noite. E ele continuou preocupado com os fogos e ela, esqueceu de agradecer por tudo de bom e esqueceu,também,de desejar coisas boas para o próximo ano.
Mas a lua estava lá, sorrindo de novo aquele sorrisinho desenhado no céu. E não importava o ano, era apenas para Clarice adorar.
De 2005 para 2006
Dessa vez, nada de pular sete ondinhas, de jogar rosas e alfazemas para Iemanjá....... Soltariam fogos, brindariam com champagne, fariam os pedidos e estariam junto da família. Faltavam cinco minutos para a meia noite.
Clarice estava feliz. Ele dizia que a amava a cada 5 minutos. Tinha acabado de dizer. Então estaria tudo certo, faltavam 5 para a meia noite.
Contagem regressiva. Todos juntos. Ele estava do outro lado. Com fogos na mão. Não ia dar tempo de chegar perto. Ela foi se aproximando mesmo assim. E os segundos também. Meia noite. E ele continuou preocupado com os fogos e ela, esqueceu de agradecer por tudo de bom e esqueceu,também,de desejar coisas boas para o próximo ano.
Mas a lua estava lá, sorrindo de novo aquele sorrisinho desenhado no céu. E não importava o ano, era apenas para Clarice adorar.
De 2005 para 2006
domingo, 26 de dezembro de 2010
A VELHA
Clarice saía de casa aos domingos às seis da manhã. Andava até o ponto de ônibus e esperava quase uma hora. Depois de mais outra hora, chegava perto de seu destino. Neste dia ela não estava só, ele a havia seguido.
Quando desceram do ônibus, caminharam por alguns minutos. Não se olhavam. Chegaram e subiram as escadas calados. Não adiantava falar. Ele não a entendia mais.
Clarice tocou a campanhia e os dois escutaram dentro do apartamento, quando a velha se levantou da cadeira e cheia de dores no corpo se arrastou até a porta. Com um sorriso nos olhos recebeu Clarice. Elas se abraçaram, até que a velha viu o homem. “É ele!” pensou. “É por ele que Clarice está ficando tão feia”.
Clarice gostava de passar por lá todas as semanas. Entrava na solidão da velha para ouvir suas histórias. Conversavam sobre sentimentos.
Sentaram-se e a velha olhando para o homem perguntou a Clarice sobre a felicidade.
Desconforto. Ficou sem palavras. Como falar de algo apenas imaginado e nunca sentido. As coisas em sua vida aconteciam sem nenhum significado especial.
Ela achava que a felicidade era momento - espaços pequenos ou grandes de tempo que não eram contínuos.
Já que a felicidade não podia ser inteira, ela preferia ficar de longe, só olhando e nem por um momento pensar em se envolver com essa ilusão chamada felicidade.
Clarice não respondeu. Mudou de assunto.
A velha continuava olhando para o homem. Ele não se alterava, nem por fora, nem por dentro. Frio dormia, frio acordava, frio se comportava diante das pessoas.
A velha foi ficando triste. Se sentindo impotente, sem forças, apática.
Clarice, neste dia, tinha ido ao encontro dela, não para ouvir as suas histórias, mas para sugar a sua alma.
Cordoba-Ar-2005
Quando desceram do ônibus, caminharam por alguns minutos. Não se olhavam. Chegaram e subiram as escadas calados. Não adiantava falar. Ele não a entendia mais.
Clarice tocou a campanhia e os dois escutaram dentro do apartamento, quando a velha se levantou da cadeira e cheia de dores no corpo se arrastou até a porta. Com um sorriso nos olhos recebeu Clarice. Elas se abraçaram, até que a velha viu o homem. “É ele!” pensou. “É por ele que Clarice está ficando tão feia”.
Clarice gostava de passar por lá todas as semanas. Entrava na solidão da velha para ouvir suas histórias. Conversavam sobre sentimentos.
Sentaram-se e a velha olhando para o homem perguntou a Clarice sobre a felicidade.
Desconforto. Ficou sem palavras. Como falar de algo apenas imaginado e nunca sentido. As coisas em sua vida aconteciam sem nenhum significado especial.
Ela achava que a felicidade era momento - espaços pequenos ou grandes de tempo que não eram contínuos.
Já que a felicidade não podia ser inteira, ela preferia ficar de longe, só olhando e nem por um momento pensar em se envolver com essa ilusão chamada felicidade.
Clarice não respondeu. Mudou de assunto.
A velha continuava olhando para o homem. Ele não se alterava, nem por fora, nem por dentro. Frio dormia, frio acordava, frio se comportava diante das pessoas.
A velha foi ficando triste. Se sentindo impotente, sem forças, apática.
Clarice, neste dia, tinha ido ao encontro dela, não para ouvir as suas histórias, mas para sugar a sua alma.
Cordoba-Ar-2005
sábado, 25 de dezembro de 2010
Hoje eu quero ser homem. E, como um homem, quero respirar.
Quero dormir com a barriga para cima e roncar.
Um homem com energia de homem. Um homem macho. Não quero chorar, nem compreender, nem amar. Um homem como a maioria é - cheio de defesas.
Aí eu vou olhar pra você com minha cara de homem e você sentirá a minha mudança e verá em mim, você. E da mesma maneira que eu-mulher, você sofrerá pelo meu pensamento de homem-homem.
Cordoba-Ar - 2005
Quero dormir com a barriga para cima e roncar.
Um homem com energia de homem. Um homem macho. Não quero chorar, nem compreender, nem amar. Um homem como a maioria é - cheio de defesas.
Aí eu vou olhar pra você com minha cara de homem e você sentirá a minha mudança e verá em mim, você. E da mesma maneira que eu-mulher, você sofrerá pelo meu pensamento de homem-homem.
Cordoba-Ar - 2005
terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Soube da Maglore no Tributo a George Harisson, do Cavern. Pesquisei e encontrei dois clipes muito legais. Músicas que você ouve e gosta de primeira. O EP tem cinco músicas. As letras são sensíveis e contam as histórias de nossas vidas, com melodias harmoniosas na voz. Uma mistura de Legião, Smiths, Strokes, Los Hermanos, Elite Marginal, Beatles, Pearl Jam..... Mistura de coisa boa, sempre dá coisa boa. E como diz Teago (o vocalista da Maglore) “Não quero que você carregue nem um peso, pelo medo de gostar, às vezes de um clichê.”
E eu...... adoro!
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domingo, 19 de dezembro de 2010
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
O GOLPE
Tudo planejado do inicio ao fim. Para deixá-la intimidada. Para deixá-la sem ação. Para deixá-la fraca. Golpes precisam ser muito bem tramados e certeiros. Sem falhas. Mas, um golpe baixo, já é uma falha. Uma falha de caráter. Uma atitude ardil.
Clarice olhou para o céu e o sorriso branco estava lá, mais uma vez, como uma pintura para ela.
E tinha certeza do seu merecimento: Isso sim era um golpe de mestre!
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Clarice olhou para o céu e o sorriso branco estava lá, mais uma vez, como uma pintura para ela.
E tinha certeza do seu merecimento: Isso sim era um golpe de mestre!
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domingo, 5 de dezembro de 2010
Hoje acordei com um pássaro verde no meu quarto. Não é uma metáfora. Foi um pássaro verde mesmo. Quase todas as janelas do apartamento estavam fechadas, mas ele entrou mesmo assim e veio parar no meu quarto. Voava de um lado para o outro.... tranquilo, sem angústia.
Era lindo meu pássaro verde, mas eu queria voltar a dormir e mesmo com um pouco de medo, consegui abrir a janela e ele se foi para voar livremente.............
sábado, 4 de dezembro de 2010
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
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