quinta-feira, 27 de maio de 2010

PAUL AUSTER E OS BICHINHOS NA CAMA


Cheguei ao hotel louca pra ver novela, depois deitar e ler "Invisível".
Liguei a TV e lembrei que tinha colocado umas roupas pra lavar há vários dias e nada delas. Fui até o telefone que fica ao lado da cama, falar com a recepcionista.
Enquanto aguardava uma resposta, notei que um pontinho preto se movimentava na capa bege do meu livro Invisível, que estava em cima da cama. Me curvei para chegar mais perto e vi que era um bichinho pequenininho caminhando rapidamente. Continuei falando ao telefone sem prestar muita atenção na conversa, olhei em volta do livro e percebi que aquele bichinho não estava sozinho, ele tinha irmãos, tios, pais, filhos, amigos. Eram vários, e todos andando na cama que eu dormia, no travesseiro que eu deitava minha cabeça, na coberta que eu me cobria.
Desliguei o telefone e fui ver o que era aquilo. Que bichos eram aqueles. De onde tinham saído. Para onde estavam indo. Nenhuma resposta. Apenas a convicção: Sair daquele quarto. E minhas coisas? E para onde ir? Nenhum outro hotel disponível em Brasília entre terça e sexta-feira.
Sentei no sofá (depois de verificar cuidadosamente se não tinha nenhum bichinho) e chorei.

Os bichinhos continuaram lá na cama até o dia seguinte. E eu, fui me ajeitar no sofá com Paul Auster, é claro, sem pontinhos pretos em movimento.

26.05.10

3 comentários:

  1. Minha Tate,
    Saudades...saudades...
    Que bom você ter retornado as letras, as palavras,as traduções das emoções da alma e do coração de forma tão bela.
    Lembro do seu dever de escola, onde você descrevia a sua casa de forma tão poética e linda. Ali vi seu dom como escritora. Ali vi sua sensibilidade.
    Breve estarei aí com Joãozinho para diminuir a saudades.
    Amo tanto você...

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  2. E também eliminarei todos os bichinhos para que vc possa dormir tranquila rsrsrs.

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  3. rsrsrsrs. A pulga e o percevejo fizeram uma festa em seu colchão, meu lençol.

    Te amo

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