Acabei de perder o caminho. Saí da rota. Olhei por um minuto para o lado e quando voltei estava sem ele.
Continuei caminhando assim mesmo. Estava escuro. Pisei em algo. Algo macio e duro ao mesmo tempo. Tirei os sapatos para sentir melhor. Encostei a sola do pé.......era uma cabeça. Com certeza era uma cabeça - A dele!
Tive vontade de chutar. Bater com o calcanhar. Aproveitar que estava frente a frente com a auto-suficiência em forma de cabeça e me vingar.
Lembrei do corpo que agora, longe daquela fria cabeça pensante, deveria estar acessível, disponível. Um corpo que sente, age e não pensa. Um corpo com uma cabeça perdida. Uma cabeça que não sustentava nenhum sentimento. Nem deixava que alguma parte do seu corpo sustentasse. Eu odiava essa cabeça!!
Saí à procura do corpo dele e o encontrei não muito longe. Finalmente ficamos a sós, eu e ele - o corpo sem cabeça. Com um gesto de corpo que sente, age e pensa, arranquei a minha cabeça e dei para ele.
E meu corpo, por ter ficado sem cabeça, passou a odiar o corpo dele.
2005 - Cordoba-Ar
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