O rapaz entrou com aquela caixa de papelão enorme. Não era tão pesada quanto parecia, dava pra carregar sozinho. Ele deixou o pacote no meio da sala, no local indicado por Clarice. Pegou as notas para ela assinar e, neste intervalo, respirou fundo, olhou a estante de livros e se esqueceu do tempo. Clarice ficou impressionada, tinha tantas outras coisas na sala para ele notar, computador com monitor de tela plana 17 polegadas, laptop aberto em uma mesa, cristaleira cheia de taças de cristal, TV de plasma, cachorro beagle misturado com poodle, mas os livros na estante de madeira branca chamaram muito mais a sua atenção. “Fernando Sabino”, ele falou. “Poxa, quantos livros! Acho tão bonito isso. Hoje em dia, os jovens não querem mais ler. É tão bom ver esses livros.”
Clarice sorriu, sem palavras. Olhou admirada para aquele rapaz e teve vontade de pegar o Sabino da estante e dar para ele, mas não teve ação.
Ele pegou as notas referentes à entrega que fez e agradeceu.
Ela viu, alguns segundos antes de fechar a porta, o derradeiro olhar do rapaz para a estante.
2007
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