quarta-feira, 11 de novembro de 2009

SOU O INCRÍVEL HULK


“Você não vai gostar de mim quando eu estiver com raiva” - Hulk diz para quem tenta se aproximar dele.
Eu sou o Hulk. Eu fico verde de raiva. Nunca por nada.
Eu assusto as pessoas. Dou medo. Eu explodo, nunca por nada.
Mas, nada justifica a raiva. Perde-se a razão, embora absolutamente certo.
Pois saibam: Hulk ama. Mesmo esse amor condenado à solidão.

domingo, 11 de outubro de 2009

ISSO, SOU EU, ETERNAMENTE

"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida."

Clarice Lispector

MAIS UMA VEZ: O SER CATIVO


Esta é a história de Hera: uma mulher pálida, largada dentro de um quarto fosco, acompanhada por caixas de papelão, daquelas de supermercado, cheias de frascos de esmaltes, perfumes vazios, restos de batons de todas as cores, potes de cremes importados, alguns ainda lacrados com a validade vencida. Fora das caixas, há pilhas de jornais e revistas velhas, que são as únicas relações dela com o mundo. Em uma parede, tem uma estante entupida de livros. O quarto não tem luz das janelas, é coberto no chão, nas paredes e no teto de recortes desses jornais e dessas revistas. Nenhum espaço em branco. Só palavras escritas. Não tem televisão. Ao lado da cama, está um velho aparelho de som três em um, alguns vinis e algumas fitas K7, de onde ela escuta apenas alguns pedaços de músicas, nunca deixa tocar até o fim. No fundo do quarto, uma porta leva a um banheiro. Os poucos utensílios que ela utiliza e sua comida são entregues através de uma janelinha que dá para o corredor da casa. Ela não quer ver as pessoas. Isso já está durando nove anos e seis meses. Algumas vezes, alguns amigos ou familiares tentam se comunicar com ela através da janelinha, mas ela não responde. Apenas ouve calada. Aprendeu a ficar calada. Quando precisa pedir remédio para febre, dor de cabeça ou enjôo, escreve um bilhete e coloca na janela. Quase nunca fica doente, mas tem dores de cabeça terríveis nos períodos menstruais e, algumas vezes, quando se lembra de determinadas pessoas, não pára de vomitar. Se alimenta de frutas, arroz integral com gergelim e, todo final de tarde, de duas canecas de cevada com leite em pó desnatado e açúcar mascavo. Esse é o horário do dia que mais gosta, quando o sino da igreja, que fica na mesma rua, toca seis vezes e ela fica deitada na cama imóvel, ouvindo aquelas badaladas fortes e suaves pelos seus movimentos. Não adianta alguém tentar levar qualquer comida diferente, ela não aceita, devolve intacta. De novidade, só recebe livros. Seu organismo está carente de quase todos os nutrientes necessários para sobreviver, mas ela sobrevive. E bem. Algumas vezes, também pede produtos de limpeza, quiboa, desinfetante, buchas, pano de chão e vassoura para arrancar tudo que está colado no chão. Esfrega até sair toda a gosma. Depois, passa uma semana andando no chão gelado e deitando nua pra sentir uma sensação diferente, mas logo cansa daquilo e começa a recortar e cobrir de novo todo o chão daqueles recortes com caras de pessoas para que ela possa pisar. Cospe em todos aqueles rostos conhecidos e desconhecidos até transformá-los em manchas pretas. Eram pessoas e ela não queria ver mais nenhuma pelo resto da vida. De vez em quando, tinha esses rompantes de arrumação e passava dias inteiros organizando suas roupas, enfileirando cada peça por cor e tipo dentro do armário. Também limpava as caixas de papelão, mas nunca jogava nada fora. Cheia de manias, tem pavor de mudanças.
Nos primeiros anos, chorava quase todos os dias, depois foi secando por dentro, já não tinha mais lágrimas, a pele estava toda enrugada, os cabelos secos, as unhas curtas, quase na carne, de tanto roer. Era filha única. Quarenta e poucos anos. Não tinha filhos.
A casa fora do quarto funcionava normalmente. Quando começaram as crises de isolamento, sua mãe, uma mulher de 65 anos, professora de literatura brasileira, se mudou para lá. Na primeira vez que aconteceu, D. Rita, a faxineira, achou que ela tinha saído pra trabalhar e que havia deixado o quarto trancado. Não pôde limpar, nem imaginou que Hera estava enfurnada ali dentro. Voltou dois dias depois e o quarto estava trancado de novo. Resolveu ligar para o trabalho dela e disseram que Hera não aparecia há quase uma semana. Ouviu um barulho, chamou a patroa e nenhuma resposta. Ligou para a mãe dela e resolveram arrombar a porta. Encontraram Hera quase morta, sem comer e sem beber. Foi a partir desse momento que ela parou de falar. Parou de trabalhar, se escondeu definitivamente no quarto e iniciou o seu processo de reclusão. Passava os dias lendo e escrevendo em cadernos. Aparentemente, nada tinha acontecido antes disso que justificasse aquele isolamento. Apenas uma coisa chamava a atenção de algumas pessoas que conviviam com ela – as mais íntimas e, principalmente, a faxineira: a sua mania de juntar bagulhos. O apartamento era lindo, espaçoso, todo bem decorado com móveis modernos, mas o seu quarto ia com o passar do tempo virando um depósito de quinquilharias, de todos os tipos. Ela não deixava que a faxineira jogasse nada fora e guardava tudo no seu quarto, como se cada frasco vazio fosse algo valiosíssimo, que deveria ser guardado a sete- chaves.
Quando Hera se trancou de vez, só deixava que a mãe entrasse no quarto para levar comida, mas toda vez que a via, corria para o banheiro para vomitar.
Ela começou a adorar a sensação de colocar para fora toda aquela humanidade. Algumas vezes, prendia o vômito o máximo que agüentava para tornar a sensação da saída mais intensa.
Foi para evitar os vômitos diários que resolveram fazer a janelinha por onde passariam a comida, os jornais, as revistas, as poucas coisas que ela utilizava e a mãe deixou de entrar no quarto, que passou a ficar trancado por dentro.
Os anos iam passando e Hera continuava seguindo sua rotina, sem novidades, lendo, escrevendo, recortando, colando, misturando em sua cabeça muitas vezes a realidade do seu passado, com as histórias dos livros, revistas e jornais. A humanidade real, misturada com a humanidade fictícia. Mas, sem deixar de ser uma ligação de características compartilhadas pela natureza humana. Os humanos, aqueles mesmos que permanecem como amigos ao lado de suas vítimas, antes e após devorá-las. E que ela tinha asco até por ela própria ser um deles.
Um dia, Hera acordou, escovou os dentes, comeu a banana, que já estava na janelinha junto com o jornal e a revista semanal, pegou uma tesoura e sentou na cama pra começar os seus recortes. Antes de separar o que iria ser cortado, passava os olhos em todas as matérias e artigos e só fixava para ler algo que realmente chamasse a sua atenção e que não tivesse imagens de pessoas, só palavras. De repente, ateve os olhos em uma página da revista, segurou com a mão a boca do estomago e colocou a língua para fora como se fosse vomitar. Saiu um sopro de ar seco. Desviou o olhar. Ficou o gosto acre misturado com o doce da banana. Voltou os olhos para a imagem que naquele momento, dava para perceber, era o rosto de um homem bonito de trinta e poucos anos, com lágrimas nos olhos. Um rosto que tomava a página inteira. Ela fixou a vista na imagem daqueles olhos vermelhos e húmidos e enxergou a sensibilidade da alma daquele ser. Que coisa linda ver a imagem de um homem chorando. Que imagem rara e sensacional. Chorou junto com ele, beijou milhões de vezes aqueles olhos divinos e não sentiu nenhuma vontade de vomitar. Ficou tão cansada com a imensitude daquela sensação boa que pegou no sono abraçada ao homem.
Todos os dias, depois que acordava, não conseguia mais dormir, pois a quantidade de pensamentos não deixava. Mas, nesta manhã, o corpo estava tão leve e a cabeça tão vazia que ela praticamente desmaiou.
Levantou de susto quando ouviu o barulho do prato de comida sendo colocado na janelinha. Por um momento, ainda meio sonolenta, esqueceu onde estava, foi na direção da porta e sem perceber o que fazia, destrancou. Deu de cara com D. Rita. As duas ficaram pálidas olhando uma para a outra sem reação, até que Hera voltou correndo para o banheiro e vomitou desesperadamente. Caiu no chão e ficou sentada em estado de choque. D. Rita gritou para a mãe de Hera que estava almoçando sentada no sofá da sala em frente à televisão e as duas entraram no quarto antes que aquela inimaginável oportunidade deixasse de ser real. Não sabiam se se aproximavam dela; se falavam alguma coisa; se chamavam alguém....acabaram sentando também no chão do banheiro e chorando, as três ao mesmo tempo.
Hera estava de volta ao mundo das pessoas. Nas primeiras semanas a porta continuou destrancada e ela passou a receber a mãe e alguns amigos no seu quarto, entretanto ainda não tinha vontade de sair dele. Não falava muito, gostava de ficar deitada na cama olhando e ouvindo as pessoas conversarem. Observava os gestos, tentava sentir as emoções de cada um. Foram dez anos sem ver o mundo, sem ver tão de perto os seres humanos. Estava envelhecida, os cabelos quase todos brancos, muito destruída por fora também.
Decidiu se desfazer das caixas de papelão, dos jornais e das revistas. As paredes e o chão voltaram a ficar limpos. A luz entrou pela janela descoberta depois de tanto tempo. Se readaptou a tudo como se o início fosse ontem. Mas, em alguns momentos, se assustava com a quantidade de claridade, de informação, de gestos, vozes, sentimentos e queria novamente estar só, era uma sensação de nostalgia, como se existisse algo em sua vida que tivesse ficado incompleto.
Percebeu que não voltou a sentir amor, carinho, felicidade, tristeza......as pessoas não lhe causavam mais nenhuma emoção. Mas será que já causaram alguma vez?
Alguns meses depois, sentiu vontade de sair do quarto. Andou pelo apartamento que agora já não tinha mais nenhum sinal de sua existência, as suas coisas estavam lá, mas o cheiro era o de sua mãe. A televisão da sala estava ligada. Ela passou em direção à porta da rua, mas o som estava tão alto para D. Rita escutar da cozinha enquanto preparava o almoço, que ela olhou para o aparelho moderno de tela plana, diferente daquele de dez anos atrás e parou intrigada. Uma imagem lhe pareceu familiar, era um homem bonito de uns trinta e poucos anos caminhando pela rua. A câmera foi fechando no rosto do homem até tomar a tela inteira da TV. Hera, instantaneamente, lembrou daquela imagem. Era o mesmo homem, os mesmos olhos chorosos, as mesmas lágrimas, a mesma sensibilidade humana. No quarto, quando viu o homem na revista, tinha ficado tão fascinada com aquela imagem absurdamente rara, que não percebeu o óbvio: era um anúncio publicitário.
“O homem é ridículo. Creio ter descoberto a causa desse ridículo: é o equívoco, o erro prático, o engano colossal que pesa sobre a condição humana.” *
Hera desligou a TV e voltou para o seu quarto. Trancou a porta.


quarta-feira, 7 de outubro de 2009

PODER

Ele desceu as escadas, passou pela recepção vazia. Já eram quase 20:00h, seu carro estava estacionado na rua. Viu de longe que ela estava lá, esperando ao lado do carro. Ele não falou nada, apenas olhou em volta, apertou o botão do alarme para abrir as portas. Entraram apressados, ela se sentou no banco do carona. Foi tudo muito habitual. Ele começou a dirigir, ligou o ar condicionado e ela passou a mão sobre a calça dele. Automaticamente, ele abriu o zíper e ela se abaixou nessa direção. Eles tinham pouco tempo, ela iria saltar no ponto de ônibus que ficava no caminho entre o trabalho e a casa dele. Eram os momentos que eles tinham - esses momentos da carona escondida. Ele já estava acostumado a esse sexo rápido, passava o dia esperando por essa sensação.

Ele fechou a calça. Ela passou a mão na boca, ajeitou o cabelo, pegou a bolsa que estava no chão do carro e desceu no ponto de ônibus. Agora levaria mais uma hora e meia, para chegar em casa. Ele não pensava no que acontecia na vida dela depois que saia do seu carro, só sabia das coisas que as pessoas comentavam - que ela tinha um namorado, um filho de seis anos e que dava em cima de todos os homens do escritório. Foi assim com ele, quando ela pediu a primeira carona, e já colocou a bunda em cima da mão dele, enquanto ele ainda tentava tirar as coisas do banco do carona pra ela sentar. Era uma bunda grande – daquelas duras e redondas, exatamente como ele gostava. O golpe da bunda na mão dele, sem intimidade, foi fatal.

2008

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MÚSICA DO DIA / DA SEMANA / DO MÊS / DO ANO


Mais uma vez - Dois em um


Sensacional!! Há muito tempo não ouço nada tão bom................

http://www.youtube.com/watch?v=NFHemMt53u0&feature=related

MÃE

Parabéns, Mãe! Quanta luta, né? Mas é assim mesmo. Isso mostra que queremos viver. Te amo muito!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Uma surpresa inesperada no meio da tarde:

Um texto de meu amigo Kan Kato:



"São Paulo, 8:37AM.
Lia concentradamente um livro onde um pai desempregado narra sua tentativa de dar uma educação alternativa ao filho através de uma convivência cinéfila intensa. Filho que muitas vezes não se furta de ser sincero, sincero até demais, com seu pobre pai. Não pude segurar o riso no trecho onde ele fala o que achou dos Beatles, arrasando a memória afetiva de seu pai. Tenho duas filhas e sei muito bem como a sinceridade delas pode me desconsertar.
Estava de porta aberta, aliás, cagando de porta aberta, talvez para marcar território.
Com a crise, minha irmã que morava nos EUA voltou para trabalhar no Brasil...e veio morar comigo. Divorciado, antes eu só dividia o espaço com minhas filhas aos finais de semana.
Com certeza, o apartamento estava mais limpo e mais organizado, e poder dividir as despesas era um grande alívio. Mas, no fundo, eu gostava de minha bagunça e sentia essa divisão do ”reino” como uma invasão. Nada pior que ser democrático em sua própria casa, onde muitas vezes as coisas são como são porque você quer assim e não por lógica ou bom senso.
Cada vez que volto de uma viagem de trabalho, algo foi mudado... Parei de questionar para não tornar nossa convivência insuportável.
Minha irmã já tinha saído para trabalhar.
De repente, uma sombra interrompe minha leitura, um vulto na porta do banheiro olha para mim.
O susto vem seguido de uma inversão na corrente sanguínea, que causa vertigem.
Um homem de terno, com um gorro furado, que só deixa à mostra os olhos e a boca. Armado!!!
- Não faça nenhuma besteira e vai ficar tudo bem... Falou em um tom quase amigável.
Fez um sinal com a cabeça, me mandando sair do banheiro.
Constrangido fui me limpar. Ele me deu as costas, para me dar alguma privacidade.
Pensei em reagir, mas ele estava armado... E eu, visivelmente acima do peso, com a calça arriada... “E se ele me desse um tiro???” Imaginei uma equipe, estilo CSI (Crime Scene Investigation), examinando meu cadáver, caído, com a bunda de fora. De fora e suja...Desisti!!!
Ainda ouvi seu comentário, enquanto soltava a descarga: - Rapaz, o que você anda comendo???
Saí tropeçando nas pernas...
Cutucou minhas costelas com o cano da sua 765:
- Tranquilo, tranquilo, disse.
Pegou o livro de minha mão, olhou a capa, leu o título em voz alta e jogou na cama.
- Quero dinheiro, cartões, relógio, celular... Tem jóias em casa???
-Não, respondi.
-Tem certeza???
- Si-ssim...
- OK. Pegue a carteira, tire o dinheiro e os cartões, não quero os documentos, falava sem alterar o tom de voz... Esse cartão tem chip. Anote a senha.
Não achava uma caneta... Ele me entregou a dele.
A senha embaralhou na minha mente e minha mão esqueceu o alfabeto.
De repente, Pow!!!Pow!!! Os tiros ecoaram em outro andar.
- Fodeu!!! Pensei... Se não tivesse cagado antes, me cagava ali mesmo...
- Merda!!! Gritou, pegando seu celular que vibrava. Notei que o erre de merda era meio acariocado:
- O que aconteceu???...Quem???...Uma velha “apagou” o Morais???(Moraishh)
Ouvi a gritaria em outros andares.

- Não!!! Sujou!!! Vamo embora que a polícia vai chegar!!! E desligou, enquanto alguém ainda gritava do outro lado...
Respirou forte e me disse:
- Entre no banheiro!!! Se tranque, e só saia depois de 10 minutos!!! E não bobeie que meus amigos estão loucos pra descontar em alguém.
-Tá ...tá bom... Ainda zonzo, entrei no banheiro onde tudo começou, e me tranquei...
Fiquei pelo menos meia hora.

Mais tarde, dei depoimento pra polícia, liguei pras filhas, chorei um pouco e contei tudo pra minha irmã. Nada como um abraço familiar nessas horas.
Era uma quadrilha especializada em assalto a condomínios, algo que se tornara tão comum, que até delegacia especial já tinha.
Foi a síndica, a senhora do décimo quinto andar - eu moro no décimo -, D. Alzira, que “apagou o Moraish”. Uma senhora de voz rouca, viúva, que nunca sorri, e mal responde quando a cumprimentamos no elevador. Baixinha de óculos, sem pescoço, sempre com um cigarro na mão. Parece a última de uma espécie já extinta.
Ela também estava no banheiro... só que no banho.O constrangimento maior deve ter sido do ladrão. Teve que sair nua pelo apartamento, e aproveitou uma distração do assaltante.
Apareceu sendo entrevistada no Jornal da Noite, na televisão.
- A senhora não teve medo??? Perguntou a repórter.
- Mocinha, eu moro aqui há 33 anos e sou a síndica. No meu prédio, não!!! No meu prédio, não!!! Aqui, esses vagabundos não têm vez!!! E tem outra coisa, tenho 62 anos e a minha bunda eu só mostro pra quem eu quiser!!!"




Muito bom, Kan. Nunca soube dessa sua faceta: além de diretor, escritor!

ENTRETANTO........


Hoje, quando sai da hidroginástica, peguei no ar uma conversa entre duas mulheres falando sobre suas filhas. Uma dizia para a outra:
" Não entendo por que minha filha não gosta de estudar. Eu mesma sempre tirei notas altas. Sempre fui excelente aluna e só me juntava com outras meninas estudiosas. De vez em quando até aconteciam umas conversões, mas nunca atrapalhavam as aulas. "

?

"Conversões" ?
Será que ela quis dizer Conversações?

Quem sou eu pra saber.....nem era das melhores alunas
.

domingo, 20 de setembro de 2009

AÇÃO - REAÇÃO


Sexta-feira resolvi que ia sair de noite, coisa rara. Ia pro show da banda de um amigo meu, do trabalho - VENDO 147. Quando ele me disse que era rock instrumental, perguntei logo se era estilo Retrofoguetes e ele me disse que não era surfmusic, era mais rock. Fiquei curiosa, pra saber como seria esse “mais rock” e mesmo achando que ia sentir falta do vocal e das letras, decidi que ia ver. O show começaria por volta da meia noite, onze e meia descemos e quando chegamos à garagem tinha um carro estacionado na frente do portão, por dentro, impedindo que qualquer outro carro saísse ou entrasse. O porteiro disse que o nosso vizinho de porta, que sempre pareceu ser educadíssimo, calmo e discreto, não tinha conseguido estacionar porque um outro carro tinha parado na metade da vaga dele e ele não teve paciência de esperar que tirassem. Largou o carro ali e não atendeu mais o interfone, nem abriu a porta. Juro que tive vontade de esvaziar, até mesmo lascar os pneus dele. Ô raiva! Estava louca pra ir pro show e presa. Acabamos pegando um táxi.
Valeu a pena. A banda é muito boa. Tem dois bateristas que tocam um de frente pro outro, dividindo o mesmo bumbo. Bateria é o instrumento que mais gosto e principalmente quando a equalização da caixa é seca. O som da Vendo 147 é pesado. Gostei. Ainda teve Rogério Big Bross de DJ, com várias músicas que nunca tínhamos ouvido.
Voltando ao meu vizinho, tenho até medo dele ser um psicopata, desses bem quietinhos e que do nada pegam uma arma e saem atirando.
Dizem que o carro dele ficou todo arranhado e dizem também que um dos arranhões fui eu que fiz. Sinceramente, não me lembro dessa parte......

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

FOREVER


Sabe o que eu quero?

Que para sempre sinta o que estou sentindo agora só de pensar em você
Que a gente permaneça perdendo a noção de tempo e espaço
Que a sua boca nunca pare de me dizer coisas bonitas
Que a sua língua continue tremendo ao encostar na minha
Que você conte eternamente cada uma das milhares de pintas que tenho no meu corpo
Que você beije lentamente os meus olhos
Que o melhor momento seja sempre sentir a sua pele na minha pele
Que a admiração persista.......

É isso. É isso que eu quero.
Para sempre.

DEVORA-ME

Um dia quer me engolir de vez, no outro não tem fome nenhuma.
Deve ser a lua.
Ontem foi lua minguante. Me secou por dentro.
Para amanhã.....nenhuma perspectiva de lua nova.

Não dá pra querer me abocanhar sempre?

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Hoje conversando com minha amiga Cris, falando de nossos amores, nossas dores, nossa atração por pessoas loucas e vice-versa; das coisas que os outros fazem, que parece que só a gente enxerga, ela me falou da sua última relação e de como é engraçado como as pessoas em um dia falam pra gente: “Você é a melhor coisa do mundo. É a única coisa que me importa na vida. Não existe nada igual na face da terra.”, e uma semana depois já estão colocando novas fotos no “orkut”,completamente apaixonadas por outra pessoa.

Acho que dessa vez, isso tudo fez com que ela exercitasse bastante a criatividade e acabei de ler um texto dela muito bom!
Para todas as mulheres maravilhas das nossas vidas - sejam elas, mulheres ou homens:


Mulher Maravilha

Minha namorada quer ser uma “Mulher Maravilha” para me salvar,
Maravilha!!!
Maravilha é o nome daquele remédio que minha mãe colocava quando eu me machucava.
Colocamos uma, duas, três vezes ao dia.
Às vezes cura, às vezes machuca.
Então, imagine alguém que deseja ser uma “Mulher Maravilha”
Às vezes cura, às vezes machuca.

Minha ex-namorada queria ser uma “Mulher Maravilha” para me salvar,
Ela não conseguiu me curar...
Agora, minha ex-namorada só faz atirar com aquelas flechas que tem veneno nas pontas,
Ela quer me acabar.
Ela tem uma força enorme, e eu, frágil, finjo ser alguém que morde.
Eu, sozinha, tento me esquivar, mas algumas passam bem perto, outras me acertam.
Mas quando ela erra sinto o final chegar.

Para concluir,
Tenho medo de “Mulheres Maravilhas”
Às vezes elas curam, na maioria das vezes elas machucam.

15 de setembro 2009


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MEU MOMENTO


Tudo acontece ao meu entorno. Muita coisa acontece ao meu entorno. Coloco o fone no ouvido, daqueles que cobrem a orelha toda, e saio daqui. Saio mesmo. Vou para nenhum lugar. Não ouço mais nada além da música que agora está dentro da minha cabeça. Pego o pensamento e junto ao sentimento por você. Minha cabeça agora é só intensidade.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

ENTÃO TÁ


-Você gosta de meu beijo?
- Claro.
- Então porque você nunca me disse que meu beijo é bom?
- Mas precisa dizer? Se eu te beijo é porque gosto do seu beijo. E eu digo que sua boca é minha. Isso também é dizer que gosto do seu beijo.
- Não é não.
- Você reclama,viu?
- Mas se você nunca me fala nada, eu vou reclamar mesmo.
- Então continue reclamando.
- E do meu corpo, você gosta?
- Oh, meu Deus! Que invenção é essa agora? Que chatice!
- Chatice? É chatice mesmo. Sou chata e reclamona. O quê mais?
- Pare de besteira. Eu te amo! Não é só isso que importa?
- É. É só isso que importa......


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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

PARABÉNS, "MIO" AMOR!

sábado, 15 de agosto de 2009

ROMANCE

- Não adianta insistir, eu nunca vou ser o homem romântico que você quer que eu seja.
Quer saber? Não existe homem romântico. Isso é coisa de mulher.

- Que absurdo! Isso não é verdade. Claro que existe homem romântico. Eu mesma já conheci alguns.

- HA – HA – HA – HA - HA. É piada. Qual foi o homem romântico que você conheceu? Aquele idiota que você namorou antes de mim?

- Isso mesmo. Aquele idiota - que tem nome, era muito romântico.

- Ele foi romântico o tempo todo? Duvido! Ele devia ser romântico enquanto queria te conquistar. Só conheço homem romântico quando quer “comer” alguma mulher.

- O que é isso?? O pior é que você nem querendo me “comer” foi romântico.

- Pois é. Porque eu sou verdadeiro. Homem romântico é homem falso.

- Será?

- Claro que é.

- Não acho não. Acho que todos os homens ficam românticos quando estão apaixonados.

- Homem apaixonado é louco, e não romântico.

- Quer dizer que você estava louco quando se apaixonou por mim?

- Mas eu sou diferente. Não acredito em paixão, muito menos em amor.

- Ôh??

- Ôh, o quê?

- Então você nunca foi apaixonado por mim?

- Claro que fui!

- Ôh? Foi?

- Fui e sou.

- Ôh? Então você é louco?

- Completamente.

-????


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COMO VOLTAR


Estou tentando voltar..................................................................mas, bem aos poucos...............................

domingo, 9 de agosto de 2009

Obrigada por ter me dado o presente de ser sua filha. Te amo!

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

PAI


Agora, ficou o nosso amor, eterno

e

muita saudade, eterna

domingo, 2 de agosto de 2009

MÚSICA PARA MEU PAI

Feelings - Morris Albert

Essa é a música que me lembra meu pai. Ele adora.

terça-feira, 28 de julho de 2009

MÚSICA DO DIA


Adios Nonino - Astor Piazolla

domingo, 26 de julho de 2009


Clarice estava de cabeça baixa, olhos fechados, sentada na mesa, ouvindo God only knows, dos Beach Boys, enquanto ele, na porta da sala, olhava para ela, paralisado.

Estavam perdidos.
Estavam apaixonados.

Sorriu para ele - enfeitiçado por ela.
Ela imaginava se algum dia a mão dele tocaria cuidadosamente na dela. Se algum dia sentiria a respiração dele na pele do seu rosto.

A música acabou. Nenhuma palavra.
Já era hora de ir embora.
No caminho para casa, ela viu no céu, o sorrisinho de sua lua, feliz pela expectativa deles.

Coceira, Tosse e Hamlet


Toda vez que vou ao TCA fico me coçando. Não consigo entender o que é isso. Pode ser algum tipo de alergia, ou o teatro está cheio de bichinhos mesmo. Ontem foi muito pior. Podem me chamar do que quiserem, mas aguentar quase 4 horas de Hamlet foi quase insuportável. A peça poderia ter 2 horas a menos com certeza absoluta. E Wagner, que sempre achei excelente ator, desde os tempos em que ele nem sonhava em ficar famoso, estava muito forçado. Quando ele fazia aquela voz caricata e aguda do Hamlet louco então, pelo amor de Deus. Mas o público adorou, ou melhor, aplaudiu de pé e ainda fez uhuuuu! Peça com ator da Globo é assim mesmo - lotada. Eu aplaudi já colada na porta de saída, por não agüentar mais e por medo da gripe suína, pois a peça foi regida por coros intermitentes de tosses. Porque esse povo gripado não ficou em casa? Eu é que devia ter ficado em casa, lendo Hamlet.
Bem mais interessante.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

LOVE


Ela abriu a porta e entrou pisando nos papeizinhos espalhados pelo chão da sala. Achou estranho, mas não teve ânimo para se abaixar e pegar um.
Quando entrou no quarto, a cama estava cheia de papeizinhos também. Se jogou sobre eles e a curiosidade fez com que ela visse que eram vários “Eu te amo” escritos em cores diferentes. Eram muitos, pela casa toda.
Que coisa cafona. Pensou.
Que coisa linda, meu amor. Falou quando estavam na cama, misturados aos milhares de “Eu te amo”.
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Ela saltou do carro e foi em direção a ele.
Feliz. Estava feliz. Era o seu amor de longe. Estariam juntos de verdade. Ele tinha vindo para estar com ela.
Se abraçaram. Não se largaram por muito tempo. Não poderiam se separar outra vez.
Foram pela cidade, pelos lugares que eram só dela e que seriam deles, a partir deste momento. Ela mostrava a sua vida para ele.
Ele a beijou suave. Pôs sua língua entre os lábios dela. Ela sentiu a saliva. Sentiu o amor.....em uma outra língua.


2006

terça-feira, 21 de julho de 2009

MÚSICA DO DIA


Cordoba - Ar 2005
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A veces vuelvo - Catupecu Machu



domingo, 19 de julho de 2009

ATITUDE, BABY.


Ontem teve show de Marcelo Nova. Sempre fico com preguiça de ir para qualquer show hoje em dia - Fila pra entrar, demora pra começar, fila pra pagar. Mas ontem tinha um incentivo: reencontrar meus amigos que conheci no rock’n’roll.
Eu tinha 14 anos quando os conheci, e devia ter uns 8 anos que a gente não se via. Engraçado...... nem pareceu tanto tempo assim. Estamos mais velhos, alguns casados, com filhos, mas a sintonia continua a mesma.
E Marcelo Nova?
Do Camisa de Vênus, só restou ele. A mesma cara de sempre, com o mesmo modelo de óculos e a mesma irreverência demagoga.
Quando cheguei já estava na metade do show, e a banda, agora, formada por um monte de meninos (alguns pareciam ter menos de 18 anos), tocava: "Oh, crianças, isso é só o fim, isso é só o fim". Mais um dos plágios que o Camisa fez e que nós só descobrimos muito tempo depois. Marcelo tinha um acervo de milhares de discos, já naquela época.
Tenho que confessar que fiquei emocionada.................ele cantou várias músicas daquela época. Lembrei de muita coisa: do primeiro show que fui no antigo Teatro Vila Velha, quando só tinha 13 anos e minha mãe me levou porque eu não podia entrar sem um acompanhante; de como fiquei impressionada com aquele bando de punk gritando “bota prá fudê”, apontando o dedo na cara de Marcelo Nova e seguindo atentamente tudo o que ele dizia; de achar o máximo quando um dos punks gritou: “Quero beber cocô ralo” - do mesmo jeito que achava o máximo os nomes das bandas: Gonorréia, Coice de mula, Delirium tremens etc.
Ontem, os músicos pareciam mais músicos do que Karl, Gustavo e Aldo, mas não prestei muita atenção neles, acredito que eles nem eram nascidos nessa época, nunca vão saber como era seguir o Camisa.
Fechei meu foco em Marcelo Nova - na sua atitude - e gritei: “bota pra fudê!”. Por pouco não botei o "dedo em i" na cara dele.

sábado, 18 de julho de 2009

ERA SÓ O QUE ME FALTAVA


Silvano Sales foi ver Luquinhas imitando ele no show. Queria ter visto a cara dele na hora.....rs
E Lucas ainda coloca assim no orkut junto com essa foto: "O Rei e o Príncipe do arrocha". rsrsrsrs Era só o que me faltava........ mãe do príncipe do arrocha.
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Luquinhas imitando Silvano:

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Nunca gostei de ser mulherzinha – no sentido da feminilidade.
Nunca usei muita maquiagem, demorei pra fazer a unha, usava cabelos curtos, sapatos fechados, brinquinhos pequenos, calça jeans e camisetas.
Mudei. Tive que mudar.
Hoje, faço minhas unhas e até pinto com esmalte vermelho. Uso, de vez em quando, um pouquinho mais de maquiagem, salto alto, brincos grandes, colares......... Sou mais feminina, mas não perdi o meu jeito masculino de enxergar a vida.
Sempre gostei mais de ter amigos homens, mas nunca na vida consegui entender a irracionalidade da maioria deles, que não deixam de se enganar com uma mulherzinha – no sentido da vulgaridade.
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Ilustração - Pati woll

MÚSICA DO DIA


Something - The Beatles

segunda-feira, 13 de julho de 2009

MÚSICA DO DIA

Beautiful World - Coldplay

CIVILIZADOS

Estava eu, mais uma vez dentro do carro, presa em um engarrafamento, indo para o trabalho e abrindo meu coração para os Beatles que nunca fui muito fã, quando eis que vejo pular da janela do carro da frente, uma garrafinha vazia de água mineral, direto para o canteiro.
Não acreditei quando em menos de dois segundos outra garrafa foi arremessada do mesmo carro. E não acreditei mais ainda, quando, logo em seguida, mais uma se juntou às outras no meio da grama.
Pois é..........ainda penso que vivo em uma civilização.

Civilização é o estágio de desenvolvimento cultural em que se encontra um determinado povo. O desenvolvimento de uma civilização ocorre lentamente, logo é um processo. Vários fatores podem influenciar no desenvolvimento de uma civilização como, por exemplo, recursos naturais de uma região, clima, proximidade com outra civilização, liderança exercida por um determinado período etc. Uma civilização pode ser movida pela vontade de seu povo, de acumular riquezas, obter conhecimentos úteis, dominar militarmente outras regiões ou até mesmo buscar a qualidade de vida para as pessoas.”

O tempo vai passando e a minha vontade de interagir com a maioria dos civilizados também.

Se é essa a civilização que temos........ quero ser incivilizada mesmo.

terça-feira, 7 de julho de 2009

PARA ENFRENTAR A VIDA


Tenha Inteligência Emocional - seja falso.
Ou
Se tranque em casa.

domingo, 5 de julho de 2009

MINHA IGREJINHA DE HUMAITÁ









Nas vezes em que me dei ao direito de pensar em casamento com igreja, padre, juiz e cia., pensava em casar na igrejinha de Mont Serrat - Humaitá, na cidade baixa, ao som de Waiting in vain, de Bob Marley.
Sempre achei essa coisa de casamento uma cafonice. Noivado então, nem se fala. Além do quê, só de pensar naquele percurso que a noiva faz, com todas as pessoas olhando, sinto uma vergonha!! Tem que ser muito sem vergonha pra desfilar daquele jeito na passarela.
Sempre que posso (já tem um tempo que não faço), adoro passear na cidade baixa, especialmente de noite. Vou à igreja do Bomfim, subo pelo convento da Sagrada Família, onde em frente tem a vista mais bonita da Cidade de Salvador, desço por Humaitá, depois continuo pela Boa viagem e volto pra Ribeira onde tomo caldo de cana, em frente à sorveteria.
A minha igrejinha de Humaitá foi reformada, o carro não faz mais a volta ao redor dela, mas as pessoas continuam sentadas nos muros que dão para o mar, fumando maconha e olhando para a lua. E, eu, permaneço ouvindo Waiting in vain, extremamente romântica.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

A MI ME ENCANTA LA ARGENTINA



Conheci Daniel Burman depois de um amigo(Cássio) falar muito sobre ele. Consegui encontrar na GPW o "O Ninho Vazio" e "Leis de Família" - Que filmes lindos! Simples e intensos.
Ele só tem 34 anos e já dirigiu e roterizou seis longas. Um homem muito sensível, daqueles que escrevem a sua vida, choram e fazem chorar de emoção, como muitos argentinos(homens e mulheres) que conheci em 2005.
Ninguém pode ficar sem conhecê-lo. Se encantem....


quinta-feira, 25 de junho de 2009

Eu tinha chegado naquele lugar com meu rosto pálido e meu cabelo curto-sem jeito, de sempre, quando ela apareceu toda maquiada, com o cabelo pintado-liso-chapinha, unhas vermelhas. Gastou parte considerável do seu salário, estava se sentindo linda.
Eu a conhecia de todos os dias que nos encontrávamos naquela lanchonete. Sempre que podia, passava por lá pra tomar um suco de lima integral e era ela quem me atendia. Casualmente, conversávamos sobre filhos, dor de cabeça, comida. Naquele dia, brinquei por ela estar toda produzida e ela, toda graciosa, sorriu um sorriso aberto. Virou de lado para pegar um copo e vi que faltava um dente. Era um sorriso desdentado.

Aquele sorriso desdentado, daquela mulher, toda arrumada, dissolveu, dentro de mim, todas as formas duras.
Aquele dente faltando, me mostrava a sua vida, eu conseguia ver todas as fragilidades dela. Era um sorriso incompleto e a única coisa que eu queria era tapar o buraco do sorriso e encobrir os seus sofrimentos.
Mas, tapar o buraco poderia significar um corte eterno no contato daquela mulher com a sua alma. Não correria esse risco.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

FRASES FEITAS

Estava assistindo ao programa de entrevistas Swing, de Domingos de Oliveira e a mulher dele, Priscila rosembaun, quando ouvi minha frase preferida, da entrevistada: "Na cama, a mulher tem que ser uma puta - fazer de tudo."
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Socorro, meu Deus!! E a tal da entrevistada até que parecia ter uma cabeça razoável.
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Alguém, por favor, pode me explicar, voltando ao meu eterno questionamento: O que quer dizer fazer de tudo na cama? Fazer sexo oral plantando bananeira, serve?

Como diz um amigo meu: "Puta faz de tudo, mas não beija na boca, então como é que é tudo?"

terça-feira, 2 de junho de 2009


- Meu pai, faça os exercícios que a fisioterapeuta manda. Deixe que lavem sua cabeça. Deixe que façam a sua barba. Tente ficar sentado. Tente assistir alguma coisa na televisão. Se ajude, pelo amor de Deus!

Ele sem som (por causa da traqueostomia), mas com palavras, me gritou para deixá-lo em paz.

- Não deixo não!! Você tem que reagir!! Não pode passar a vida desse jeito!!

Sem som ele continuou gritando “Me deixe!”.

Parei de insistir e comecei a falar amenidades. Contei pra ele sobre o que eu tinha passado no avião.

- Você nem imagina, meu pai.....o avião quase caiu.

Ele me olhou sem som, mas não gritou.

Uma voz surgiu parecendo do além............... e não era a de meu pai:

- Seu pai deve estar pensando: “Porque esse avião não caiu? Só assim você ia me deixar em paz.”
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A voz continuou:

- Não vai rir não? Que falta de senso de humor!

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segunda-feira, 25 de maio de 2009

NOVO LIVRO DE ANDRÉ. ÔBA!!!!!



Novo livro de André Sant'anna. Lançamento hoje em São Paulo. Já que não estarei lá, acabei de comprar o meu pela internet: www.7letras.com.br . Deve ser sensacional como todos os outros: Amor. Sexo. O paraíso é bem bacana. Sexo e Amizade.

Ele é casado com Pati Woll (das ilustrações maravilhosas que estão neste blog)

Beijos pra vocês dois!!

domingo, 24 de maio de 2009

MEU MEDO


Entrei no avião de São Paulo pra Salvador mesmo depois de meu filho ter me ligado e ter dito: - Minha mãe, você vem hoje mesmo? Não venha não. Tá chovendo muito. Não venha não!
Passei o dia ligando pra saber se a chuva tinha parado, se o aeroporto estava aberto.........ninguém queria me assustar, mas ele continuava me dizendo para não viajar.
Normalmente para viajar tomo dramin b6 e rivotril 0,25 - tenho pavor de avião, mas como não tinha tomado remédio na ida e tinha sido uma viagem relativamente tranqüila (avião nunca é tranqüilo pra mim) resolvi só tomar o dramin para o enjôo. Estava com uma amiga do trabalho, daquelas que entram no avião e dormem o vôo todo, tínhamos ido acompanhar dois comerciais.
O avião decolou e eu, nervosíssima como sempre, notei alguns movimentos estranhos, tipo, algumas alternâncias repentinas de altitude, mas pensei que eram minhas paranóias "avionáticas". Na verdade, estava realmente sentindo alguma coisa muito estranha no ar.

Com mais ou menos 50 minutos de vôo, o piloto começou a falar. Todas as vezes que o piloto resolve falar alguma coisa, fico desesperada, dessa vez tive motivo real para isso:
- Senhores passageiros a Gol preza sempre pela segurança dos seus passageiros, por esse motivo estamos fazendo um pouso de emergência no aeroporto de Confins, pois detectamos um problema na aeronave.
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Nesse exato momento,literalmente enfiei um rivotril sublingual na boca e desesperada continuei ouvindo:
- Resolvemos fazer esse pouso em Confins pois correríamos algum risco se continuássemos com o vôo até Salvador.
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- Estamos em processo de aterrissagem e dentro de aproximadamente 25 minutos chegaremos no aeroporto de confins. Esperamos contar com a compreensão de todos.
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Foi mais ou menos isso que ele disse, ou melhor, foi isso que ficou marcado de uns dos piores momentos que vivi em minha vida.
Chamei a aeromoça tensa que passava rapidamente e perguntei se ela tinha certeza de que conseguiríamos pousar.
???????????????????????????????
Ela me olhou com uma cara forçada de calma e disse que iríamos pousar sim e que estávamos fazendo esse pouso exatamente para evitar maiores problemas.

Sim????? Mas se não conseguiríamos chegar até Salvador quem poderia garantir que chegaríamos até Belo Horizonte sem o avião cair ou explodir no ar ou sei lá mais o que.
Ninguém dava nem um pio. Silêncio total.
Eu disse para minha amiga que se chegássemos vivas em terra, eu ia pra Salvador a pé se fosse necessário, mas não voaria mais.
Chegamos..... depois de minutos intermináveis. Intermináveis mesmo, não saem da minha cabeça.
- Senhores passageiros, pedimos que continuem sentados em suas poltronas até que possamos informar se continuaremos nessa aeronave ou se precisaremos trocar de aeronave. Vamos aguardar a equipe de manutenção.

Que continuar sentada que nada!! Queria sair dali correndo.
Fui conversar com a aeromoça e explicar que tinha pavor de avião e não ia voar nem naquela mesma aeronave nem em nenhuma outra. Liguei pra casa em prantos e disse que ia ficar em Belo Horizonte. Imagino o susto que tomaram quando receberam meu telefonema uma hora antes do horário de chegada. Tive também que fazer uma sessão de terapia por telefone:
- Andréa, me ajude, não consigo sair daqui. Não consigo voltar pra casa de avião. Agora que sobrevivi não vou correr risco de novo. (nesse momento já sabia que íamos trocar de aeronave, aliás nessa hora, todos já estavam dentro da nova aeronave me esperando decidir se iria ou não voar para Salvador.)
- Mas me diga uma coisa- ela me analisava - qual é o medo? É da morte? Não adianta ficar com medo. Você tem que entrar no avião sim. Tome outro rivotril e entre nesse avião. Você vai ficar aí sozinha pra voltar como? Seu filho está te esperando. Não tem jeito. Pode se morrer em qualquer lugar. Entre nesse avião e volte pra sua casa.
Tomei outro rivotril e me colocaram na primeira fila junto com minha amiga. Disseram que o piloto estava disponível para conversar comigo. Fui na cabine e fiz mil perguntas, que ele me respondeu com bastante calma, mas em nenhum momento me esclareceu o que foi que houve com a outra aeronave e o nível de risco que tínhamos corrido de verdade.
Eu não tive outra alternativa, engoli o pavor e subi aos ares novamente.
Obrigada Deus pela nossa sobrevivência!!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

O ar-condicionado do carro estava ligado no máximo. O dia ainda estava claro, mas o vidro escuro não deixava que as pessoas vissem o que acontecia lá dentro. Eles se beijavam. O Homem a desejava e dizia coisas “bonitas” em seu ouvido. Coisas que ela queria ouvir e precisava para sentir.
Ela achava que estava fazendo algo errado, mas, agarrava aquele Homem com força. Queria aquilo. Ser atacada com paixão. Nem era esse Homem especificamente. Era a sensação. Fazia tempo que ela não era beijada com desejo. Aquele beijo que cheira a boca.
O que estava acontecendo não era totalmente confortável para ela. Não queria voltar para casa. Iria mentir. O carro continuava ligado para ter ar frio. O Homem colocou um CD e voltou a passar a mão pelo corpo dela entre a roupa. O celular tocou a primeira série de chamadas, ela não atendeu. Beijou de novo aquela boca diferente e a sensação não era ruim. Pensou várias vezes em fazer aquilo, mas nunca em ser capaz. Culpa, culpa, culpa. Tinha medo da culpa. Não dessa vez. Ela descobriu que era fácil estar com outro Homem, além de estar com Ele. Estava com outra pessoa, talvez, exatamente como Ele já tenha feito algumas vezes.
Como seria bom se Ele não fosse quem é de verdade. Como seria bom se Ele fosse de verdade o homem inventado que Ele é.

terça-feira, 12 de maio de 2009


Pois é..............não estou conseguindo pensar direito........acho que preciso de alguns dias para caminhar com os pés na areia, abrir os braços e me jogar no mar.
Sair do rumo...........sem preocupação e com muita Irresponsabilidade.

sexta-feira, 8 de maio de 2009


Faltava uma semana para ela ir embora de volta para seu país.
Acordou tarde, como sempre. Tomou dois copos de suco de pêra – grosso, pura fruta. Comeu um pacote de biscoito com queijo cremoso e deitou no sofá para assistir televisão.
O telefone tocou do outro lado do balcão da cozinha. Ela estava gripada e menstruada – mal-estar. Levantou de uma só vez e começou a correr em direção ao telefone. Sentiu um enjôo de sangue. Todo o sangue do corpo parou no alto do estômago. Pegou o fone e escutou uma voz em castelhano. Era Sr. Pascoal, o taxista. Ele foi ficando longe. Ela conseguiu dizer umas duas palavras e mais nada, só a escuridão.
Quando viu a claridade de novo, estava no chão entre o balcão e a parede, o fone ficou pendurado pelo fio de mola. Não era um claro normal que ela via, era turvo, cor de branco manchado de preto. Levantou correndo outra vez, olhou no espelho do quarto, viu um vulto de lábios roxos. Medo da morte. Medo daquele nada. Alguns segundos provavelmente do outro lado e não viu coisa alguma, nem gente nenhuma. Era o nada absoluto. Deitou na cama, imóvel. Ligou para o marido que estava trabalhando. Caiu em prantos, gritando: você está me escutando? Com certeza é a minha voz? Acho que morri!
Ela ficou olhando para o teto, paralisada até ele chegar com o serviço médico do hotel. O teto branco. Enquanto via branco estava tudo bem.
Era segunda-feira, dia da última aula de escritura. Breve, estaria em sua realidade longe dali. Sabia o que estava esperando por ela no futuro.
O desmaio ia impossibilitar a sua mudança. Era o pavor de mudanças desde a infância. Foram tantas. Mas, querendo ou não, se adaptava.
O desmaio impossibilitou a mudança. Era muito perigoso mudar naquele momento.
Ela passou aqueles noventa dias em um mundo de fantasia na realidade. - A sensação que fica durante o dia quando se acorda de um sonho bom. Ela, nessa época, mesmo quando sonhava mal, acordava com a sensação boa, que só a abandonou quando, juntas, voltaram para casa.


2006

segunda-feira, 4 de maio de 2009

LUQUINHAS: PSICOTOPIA & SÓ NA PAQUERA










De roqueiro a pagodeiro e até imitador de Silvano Sales, ou seja, arrocheiro.................................................filho de peixe, em alguns momentos, peixinho não é.

domingo, 3 de maio de 2009

MINISTÉRIO DA SAÚDE ADVERTE


Gripe Suína - Precauções:

Evite o beijo social e o aperto de mão. Abraço e beijo de língua, nem pensar.

Ou seja, distância....................................quanto mais distante melhor...........this is the future.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

RADICAL


Eu odeio gente falsa. Eu odeio gente dissimulada. Eu odeio gente que não defende sua opinião. Eu odeio gente metida a esperta. Eu odeio gente metida a besta. Eu odeio gente metida a boazinha. Eu odeio gente que acha que engana os outros. Eu odeio gente que não sabe dividir. Eu odeio gente sem comprometimento. Eu odeio gente que não pensa no outro. Eu odeio gente ignorante. Eu odeio gente que não tem humor. Eu odeio gente que fala sempre no mesmo tom. Eu odeio gente, que, ainda hoje, fala essa frase: “A mulher ideal tem que ser uma dama na sociedade, e uma puta na cama.”.
Socorro...................Eu odeio a maioria da humanidade!

quinta-feira, 23 de abril de 2009



SORRISO 1

Clarice olhou para o céu, nunca havia percebido tanta luminosidade. Era um azul claro, puro, sem mistura. Azul, sua cor preferida. E agora ela podia respirar esse azul outra vez. Correu livre contra o vento sentindo o vazio da água em seus pés e se deixou cair inteira naquele mar de outro azul.
Ela estava de volta em casa. De volta à claridade, ao sol, ao céu, à umidade, ao mar. De volta à sua vida real....
Clarice olhou para o céu, nunca havia percebido tanta obscuridade. No meio dessa imensidão negra ela viu um sorriso. Era um lábio prateado, sua lua preferida....uma saudação...



SORRISO 2

Clarice ia passar o primeiro reveillon na casa nova. Estavam morando juntos.
Dessa vez, nada de pular sete ondinhas, de jogar rosas e alfazemas para Iemanjá....... Soltariam fogos, brindariam com champagne, fariam os pedidos e estariam junto da família. Faltavam cinco minutos para a meia noite.
Clarice estava feliz. Ele dizia que a amava a cada 5 minutos. Tinha acabado de dizer - Então, daria tudo certo, faltavam 5 para a meia noite.
Contagem regressiva. Todos juntos. Ele estava do outro lado. Com fogos na mão. Não ia dar tempo de chegar perto. Mas ela foi tentando se aproximar. E os segundos também. Meia noite. Ele continuou preocupado com os fogos e ela esqueceu de agradecer por tudo de bom e esqueceu de desejar coisas boas para o próximo ano.
Mas a lua estava lá, sorrindo de novo aquele sorrisinho desenhado no céu. E não importava o ano, era apenas para Clarice adorar.




2006

terça-feira, 21 de abril de 2009

A PALAVRA TEM FORÇA, PARA QUEM ACREDITA


Na semana passada, falei que gostaria de passar o feriado todo deitada na cama. Precisava descansar. Na mesma hora pensei: deitada na cama, mas não doente, please! Pensei, mas não falei. Sábado de tarde comecei a me sentir mal e a ter febre. Passei o feriado todo na cama, doente. Não era bem esse descanso que eu queria.

Foi a minha fala que atraiu a doença?
Ou
Eu estava adivinhando que ficaria doente?
Ou
Fiquei doente para realmente ficar quieta na cama?
Ou
As três perguntas acima podem ter as respostas positivas?

Ou
Não interessa nenhuma resposta................... a vida é assim mesmo, sem respostas.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Clarice chegou em casa morrendo de sono e irritação. Deu de cara com a escada de madeira, que dava para a cobertura do apartamento, completamente amarelada. Não só a escada, mas a parede estava toda manchada de amarelo. D. Maria não era cega, mas não viu desde o primeiro momento quando o primeiro pedaço de pano com cera encostou, na primeira parte da parede, por isso continuou encerando e sujando.
A vida de D. Maria não era fácil. Fazia um ano que seu marido tinha ido comprar cigarro. Dizem que fugiu com a moça que ela pagava um terço do seu salário para tomar conta do filho. Ela nunca tocava nesse assunto, mas muitas vezes se trancava no banheiro para chorar. Saía com o nariz e os olhos vermelhos. Dizia que era “uma gripe que não me larga!”. Usava saias que iam até o tornozelo e levava a Bíblia todos os dias para o trabalho. Tudo que fazia era “em nome de Jesus!”. Seus cabelos já estavam quase todos brancos e emocionava olhar de cima quando ela estava abaixada passando pano no chão.
Se queixava da vida difícil e, apesar de tanta crença, mentia, enganava, odiava, fazia coisas que todo homem comum faz, porque ela simplesmente acreditava que seria salva de todos os seus pecados indo todos os sábados para a igreja e, no fim do mês, pagando para Jesus a mensalidade de sua redenção.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

SIMPLES


Estou olhando o seu perfil, a sua pele ferida, a sua barba por fazer. O que eu quero eu posso ver. Mas, dentro, entre o sangue e o pensamento, só você.

SANTI, RECUERDOS......



Da minha descoberta em Cordoba:

Ontem tive aula de escritura(literatura) e não consigo entender porque apesar de também estar tendo aulas diárias de espanhol, quando chego lá para ler meus textos, falo tão mal o idioma.
Talvez seja uma coisa simples: quando estou na aula de escritura, estou em contato totalmente direto com o meu sentimento, sou eu na mais profunda essência, e embora tenha redescoberto a minha alma aqui na Argentina, ela ainda sente, pensa e fala em português.



2005
Cordoba, Ar

terça-feira, 14 de abril de 2009

O SEU/MEU/NOSSO DOCE ESTÁ GUARDADO

Vontade de comer doce. O mais doce dos doces. Leite condensado puro. Chocolate ao leite. Milk shake de doce de leite com calda de chocolate. Doce que adoça de verdade. Daqueles que dão até enjôo quando a vontade passa. Mas o enjôo também passa e aí....... a vontade volta.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

A MAIS NOVA TELESPECTADORA

Lilica (mistura de beagle com poodle) há 5 anos atrás, deitada no sofá da casa antiga.



Nos últimos dias, quando chegava do trabalho e ainda não tinha ninguém em casa, sempre encontrava a televisão ligada. Um mistério. Pensava que Luquinhas tinha deixado ligada, mas ele afirmava ter desligado antes de sair. Hoje aconteceu isso de novo. Luquinhas tinha ido pro estádio de Pituaçu, ver o Bahia ganhar e Ricardo ainda não tinha chegado, a casa estava toda apagada, mas a televisão da sala estava ligada, altíssma. A única existente no apartamento, além das muriçocas (que sobem os oito andares, de elevador), era Lilica - essa coisinha meiga e delicada que na hora em que eu “piso” o carro na garagem já começa a latir, ou melhor gritar. Ela avisa ao prédio todo que eu já cheguei.

Hoje, resolvi o mistério da TV. Foi simples. Descobri que Luquinhas estava largando o controle da televisão no sofá, exatamente no lugar onde Lilica se deita, sempre que a gente não está por perto. Ela simplesmente deve se esbarrar no controle e ligar a TV. Mas vou confessar uma coisa......acho essa cachorra tão esperta, que não duvido nada dela estar acompanhando todos os dias a novela das seis.

terça-feira, 7 de abril de 2009

AMBIGUIDADE

Eu conheço um cara que é sensível, mas não tem sensibilidade. Parece estranho? Também acho. Mas existe.
Não me pergunte como isso pode acontecer, não sei explicar. Gostaria que alguém descobrisse onde está a sensibilidade deste cara sensível. E como pode ser sensível se não possui sensibilidade.
Eu conheço este homem. E ele está me pedindo ajuda. Só que não posso mais ajudá-lo. Eu, apesar de ter muita sensibilidade, não estou mais sensível a ele.

segunda-feira, 6 de abril de 2009



Descobri esse frascão bonitinho e simpático na prateleira do supermercado, e como filha autêntica de Sônia, não poderia deixar essa atração passar despercebida. Água Rabelo - mistura de eucalipto, hortelã e arueira para uso externo e interno. Cicatrizante. Bom para o estômago e enjoo. Pronto! Palavras mágicas. Tudo que é bom para estômago e enjoo eu levo para casa. Comecei a tomar hoje. Tomara que seja uma descoberta duradoura.

PODE SER A TPM....rsrs



As pessoas são engraçadas por aqui....acho que só aqui na Bahia mesmo....

Você chega na recepção de uma produtora de vídeo, por exemplo, senta no sofá e fica só você e a recepcionista que você nunca viu na vida. Silêncio enquanto aguarda a pessoa que vem te receber. Aí, do nada, a recepcionista pega o telefone e começa uma conversa com alguém da família e, em segundos, você fica sabendo de toda a vida pessoal dela. Em detalhes. Depois de alguns longos minutos ela desliga, olha pra você e pergunta: - Florzinha, aceita um copo de água?
“Florzinha” é demais pra minha cabeça. Nunca tinha visto a pessoa antes e já era uma florzinha. Já éramos melhores amigas.
Você chega na concessionária para trocar o óleo do seu carro. A entrada está interditada com um caminhão cegonha. Você marcou horário, mas, tem que ficar vinte minutos esperando o caminhão sair. Começa a buzinar. Vem o vigilante. Você abre o vidro do carro e ele: - Minha amada, o caminhão já vai sair. Pode dar uma rézinha?
“Minha amada” é demais pra minha cabeça. Nunca tinha visto a pessoa antes e já era Sua amada. Já morríamos de amores um pelo outro.

Prometo que vou ser mais relaxada para achar engraçadas as pessoas engraçadas daqui......

domingo, 5 de abril de 2009

DA EVOLUÇÃO / INVOLUÇÃO DA ESPÉCIE

Antes, eu chorava, agora, eu odeio.
Amanhã, vamos ver.......

sábado, 4 de abril de 2009

"CORTA-CLIMA"

Sinaleira fechada. Ipod ligado ao som do carro. Eu, depois de arrancar fios de sobrancelha com a pinça que fica guardada lá, exatamente para essas paradas demoradas, recostei a cabeça no banco, fechei os olhos, e comecei a cantar acompanhando Elis: "Quando caminho pela rua, lado a lado com você, me deixas louca. ........me deixas louca, quando sinto pouco a pouco o entardecer............me deixas louca".
Não sei como, mas tive a sensação de estar sendo observada. Ou foi o meu senso de ridículo ou foi o meu senso de tempo, sabia que o sinal já estava para abrir. Continuei cantando e imitando as expressões e gemidos de Elis. Mas abri os olhos e olhei para o lado. Imediatamente voltei a cabeça, tinha um cara me olhando e se acabando de rir no carro que estava colado ao lado do meu. Que vergonha..................minha única reação foi continuar cantando dessa vez com cara de séria, totalmente sem emoção.......
O sinal abriu, passei a primeira e deixei o “corta-clima” me ultrapassar.
Quando o carro dele já estava bem distante, coloquei a música do início o mais alto que aguentei, e saí feito louca, cantando, de olhos bem abertos.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

SOMOS


Primeiro dia do ano de 2006.
Fomos para a praia. Eu, Ele, o Filho do irmão dele e o Filho do meu irmão. Um de cabelo dourado; Ele, moreno. O outro de cabelo castanho; Eu, branca. Os dois com cinco anos.
Entramos na água. O Filho do meu irmão grudou no meu braço com as duas mãos. Eu não podia dar um passo a mais para dentro do mar sem ele abrir um berreiro. O outro, pulou na onda, mergulhou, sozinho, solto, seguro. Superior a qualquer medo.
Eu olhava aquela falta de fragilidade e excesso de autopoder. Nada derrubava ele.
Do meu lado, da minha família, a sensibilidade, o medo de ser melhor do que o outro, de ser orgulhoso. A necessidade do outro. A dependência do outro. A luta para ser mais forte.
Queria ser como o Filho do irmão dele.....para assim ser mais suave.



2006

QUALQUER SEMELHANÇA COM A VIDA REAL É MERA COINCIDÊNCIA


Shopping. Três dias antes do Natal. Só posso estar louca.
Vou de um lado para o outro, de loja em loja e não quero nada. Só pode ser vício. Sempre acho que falta algo.
No meio da confusão encontro um amigo. Ele me diz que ficou milionário. “Que bom pra ele!” pensei. Mas durante a conversa, comecei a perceber que alguma coisa estava estranha. Ele disse que tinha vendido uns terrenos no litoral e que ia ganhar 30 milhões de dólares. 30 milhões de dólares!!!!! Já tinha comprado duas Mercedes, uma lancha e um helicóptero. Outra pessoa que estava junto perguntou se ele já estava com o dinheiro. “Estou indo pra São Paulo essa semana buscar 4 milhões de dólares” Ele falou. “Cuidado. Não vá colocar na cueca!” Disse o outro.
Saí do shopping pensando naquela história. O que fazer? Ele já havia espalhado para a Bahia inteira o seu suposto enriquecimento.
O que fazer com ele? Internar em uma clínica ou deixar livre para viver a sua loucura? Não fará mal a ninguém, nem a ele mesmo.
Ainda mais agora que está tão mais feliz............ voando em seu helicóptero.....


2006

quarta-feira, 1 de abril de 2009

O MENDIGO EMBAIXO DA ÁRVORE

Hoje, passando de carro por uma avenida quando estava indo para o trabalho, vi um carrinho de supermercado cheio de tranqueiras e ao lado dele, um mendigo deitado na grama, embaixo de uma árvore.
A sensação e a imagem daquela sombra no meio do dia calorento me fizeram acreditar na esperança. Naquele momento, aquele mendigo estava em paz. Eu me senti em paz.......

Por pouco não parei o carro e me deitei na grama ao lado dele.

terça-feira, 31 de março de 2009

POIS É

ESTEREÓTIPO DO MACHO PROPAGA AIDS ENTRE OS JOVENS, ALERTA DIRETORA DA ONU

"Os jovens acreditam que para ser macho é preciso não usar camisinha, ter muitas parceiras, fazer sexo casual. Tudo isso é permitido porque faz parte da imagem de macho, mas, na verdade, os colocam sob risco da contaminação da Aids", afirma a indiana Purnima Mane, diretora executiva do UNFPA.
Mane veio ao Rio para um simpósio sobre o combate aos estereótipos da masculinidade como ferramenta de prevenção à Aids. "Precisamos convencer os homens a deixar estes estereótipos de gênero, não apenas para o benefício de suas parceiras, mas para seu próprio benefício", disse Mane, que defende uma "nova masculinidade" onde a ênfase está no "macho protetor e responsável".


Meu Deus..........................estamos em qual século mesmo???? Ainda precisamos defender essa "nova masculinidade"........

quarta-feira, 25 de março de 2009

DESESPERANÇA



Entramos no elevador de madeira com botões cilíndricos e bem lentamente fomos ao nono andar. A porta abriu e chegamos ao hall de um apartamento só. Totalmente fechado. Se a lâmpada estivesse queimada ou o elevador já tivesse descido, o breu era total até alguém abrir a porta e empurrar a luz daquele nono andar enjanelado de ponta a ponta.
O sino tocou alto. A igreja da escola ficava no fundo do apartamento. Eu olhava lá de cima a barulheira das crianças na hora do intervalo. Só não olhava muito na direção bem pra baixo – não queria ver a velha que tinha se jogado da janela que ficava de frente pra esse quarto que dava pra ver a escola.
Quando os filhos da velha chegaram no quarto, os chinelos dela estavam deixados lado a lado, bem arrumadinhos, no pé da janela.



Ilustração - Pati Woll

segunda-feira, 23 de março de 2009

A luz que entrava na casa era de um tom singular de azul.
Clareava ainda mais os cabelos dele, que depois da mistura, brilhavam uma cor esverdeada.
Ela não tirava os olhos daquele homem que a encantava com sua voz, seu riso, sua meiguice, seu cheiro....
Eles conversavam horas e horas e trocavam seus ares, tão próximos ficavam.
Em alguns momentos ele parecia estar distante dali. Ela, nunca. Nunca poderia estar distante dele. Sentia a sua presença onde estivesse.
Ela sabia que aquele homem era imprescindível para reaver a serenidade....para voltar a enxergar as coisas simples....para reconhecer a beleza onde ninguém vê o belo....
A luz entrou com mais intensidade na casa e turvou sua visão. Ela fechou os olhos e quando voltou a enxergar, ele estava em sua frente totalmente colorido de azul.....mais lindo do que nunca.



Cordoba-Ar 2005

sábado, 21 de março de 2009


quinta-feira, 19 de março de 2009

LOGO AGORA?!

- Oi meu amor. Já dormiu?
Ele não se mexeu. Ouviu a voz dela e continuou deitado de bruços fingindo que estava dormindo.
- Mas acabei de falar com você por telefone. Já está dormindo mesmo?
Ele deu um muxoxo, como quando alguém que ainda não está em sono profundo se aborrece com algum barulho, e virou para o outro lado. Deixou apenas os cabelos olhando para ela.
Ela não se importou, continuou fazendo carinho e falando como se a pessoa a sua frente estivesse interagindo e participando de tudo. Falava do que fez durante o dia em seu trabalho; do almoço no restaurante natural, da emoção de quando escutou no carro uma música que a fez lembrar dele.....continuou o seu impercebido monólogo por muito tempo e apenas por falta de assunto se calou. Ele continuou imóvel, mesmo quando ela se deitou em suas costas. Depois de alguns minutos, incomodado com o silêncio, foi se virando com movimentos suaves.
Ela que estava em cima dele, deu um muxoxo, escorregou sobre a cama e se ajeitou, como ele, de bruços.
Com uma cara de indignação, ele olhou para aquele corpo inerte ao seu lado e sussurrou:
- Oh meu amor, já dormiu?
E acrescentou insatisfeito:
- Logo agora?!



2005


Ilustração -Pati Woll

SÃO JOSÉ

José, marido de Maria - mãe de Jesus........José, pai de Jesus - filho de Deus?


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Zezildo, parabéns pelo seu dia!! Te amamos muito! Saudade!!

segunda-feira, 16 de março de 2009

FIM DE SEMANA


Primeira temporada de ROMA. Não dá vontade de parar......Muito bom!
Livro de Contardo Calligares - O Conto do amor............Mais ou menos.
Show de Tom Zé, noTeatro Castro Alves- Estudando a Bossa........MuitoMuitoMuitoMuito Bom!
Tomei um susto quando fomos na quinta-feira comprar o ingresso pro show de Tom Zé. Simplesmente, a bilheteria do Teatro só aceitava dinheiro. Dá pra acreditar que um Teatro do porte do Castro Alves não aceite cartão de crédito/débito ou cheque?????? Acredite!! Hoje em dia, até banca de revista já tem maquininha de cartão. Deve ter alguma explicação.........não é possível.
Outra coisa, que banheiro feminino sujo e destruído é aquele?? E o som dando problema toda hora...............
Obrigada, Tom Zé, por ser maravilhoso!!